Trauma é um dano psicológico provocado por situações de intensa emoção. Trata-se de uma ferida psíquica, considerada como uma fenda no ego. Trauma é comumente definido como um ferimento, ou seja, um dano a uma estrutura, algo que provoca um rompimento, uma quebra, uma desestabilização. Para Hans Tendam, o trauma é uma das cinco repercussões kármicas.
Existem os traumas físicos e os traumas emocionais. A TVP vai focalizar suas atenções no trauma emocional e psíquico, posto que o trauma físico de uma vida passada pode se transformar num trauma psicológico nas vidas futuras. Netherton afirma que “A todo problema psicológico, o paciente associa um dano físico ocorrido em vida anterior”. Do corpo para a mente, ou da mente para o corpo, ambos ressoam, repercutem e refletem-se mutuamente.
É importante dizer que o trauma é relativo, ou seja, não se manifesta em todos da mesma maneira e com a mesma intensidade. Dependendo de como absorvemos o trauma, ele terá mais ou menos poder dentro de nós. A intensidade do trauma depende em grande medida da percepção de cada um e isso varia de pessoa para pessoa. Dessa forma, as pessoas sentem o trauma de maneiras distintas e podem reagir diversamente ao mesmo evento.
Um trauma geralmente tem um início e um fim. É uma situação que ocorre num determinado momento e provoca um agravo bem forte a nível físico ou psíquico. O trauma psicológico é uma marca ou ferida que não passa após encerrada a situação traumática, tal como ocorre no trauma puramente físico, como uma batida em nossa perna gerando um inchaço. Um trauma pode durar semanas, meses, anos, uma vida inteira ou mesmo várias vidas corpóreas. Por exemplo, uma pessoa foi assassinada com uma flechada numa vida passada. Na vida atual ela pode manifestar medo e temor do arco e flecha; pode sentir-se mal, inquieto, agitado, confuso, com medo, angustiado ou perturbado ao ver cenas da prática desse esporte e de filmes que evocam situações onde pessoas morreram com uma flechada. Pode também apresentar dores na região da flechada, ou pode tornar-se uma pessoa que evita exageradamente situações de risco, com medo inconsciente de um novo incidente como o da flechada.
São exemplos de trauma segundo Tendam (cura profunda):
- Abandono
- Acidente
- Afogamento
- Asfixia
- Assalto
- Assassinato
- Ataque
- Aprisionamento
- Cirurgia
- Estupro
- Execução
- Fogo
- Humilhação
- Injúria
- Inquisição
- Mutilação
- Passar fome
- Perda
- Perseguição
- Ridículo
- Ser queimado
- Suicídio
- Terror
- Tortura.
Pesquisadores da área psi afirmam que, após um trauma, há uma quebra na estrutura do ego. Geralmente o trauma envolve um sentimento de total desamparo e vulnerabilidade diante do objeto traumático. Sentimo-nos permeáveis, abertos e descampados em relação ao nosso trauma. Quando um trauma físico provoca uma ferida, caso alguém toque nela, o resultado é certamente a dor. O mesmo ocorre com o trauma psicológico: quando alguém “toca” numa ferida psicológica, o resultado é a dor psíquica, a fuga, a esquiva, uma reação forte contrária, dentre outros mecanismos de defesa.
Muitas vezes o ego entra em cena com algumas de suas defesas a fim de preservar-se, buscando não se deparar, mesmo com um pequeno sinal, da presença do objeto do trauma. Há uma percepção subjetiva de que a situação original se repita e cause mais sofrimento. As teorias psicológicas geralmente ensinam que, quanto mais reprimimos o trauma, mais carga acumulamos, mais poder conferimos a ele e mais vulneráveis nos sentimos diante de sua presença. O tratamento do trauma se inicia na tentativa de desvendar a sua causa. Tendam afirma que “Traumas são feridas. Qual a primeira coisa que precisamos para tratar uma ferida? Saber onde ela está”.
O trauma ativa nossos mecanismos de defesa. Estes nos fazem reprimir a experiência, ou até fingir que ela nunca existiu. Deixamo-la de lado e evitamos quaisquer circunstâncias que nos lembre o momento do trauma. Exemplo: se um cachorro me mordeu na infância, a tendência é não me aproximar mais de nenhum outro cachorro, além de temê-los e evitá-los ao máximo; fugir de qualquer situação em que exista a mínima chance de colocar-me frente a frente com um cachorro novamente. Nesse sentido, o trauma anda de mãos dadas com a fobia.
Por outro lado, o trauma que migra de uma vida a outra pode ficar adormecido durante muito tempo e, subitamente, pode ocorrer uma reestimulação e algo trazer à tona a carga traumática de uma só vez.
Exemplo: uma jovem pode assistir na TV um filme onde a mulher foi traída pelo marido com a melhor amiga. Se a mulher passou por algo semelhante numa vida passada, o que pode ter gerado intenso sofrimento e dor, a visão dessa cena pode desencadear todo vigor e energia do trauma, reestimulando-o e devolvendo-lhe à vida. A carga do trauma que ainda não havia se manifestado, passa agora a apresentar-se poderosamente na vida da pessoa. O filme com a exposição do trama da traição é o que denominamos de “fator desencadeante”, ou seja, algo com poder de trazer à manifestação uma repercussão kármica de vidas passadas.
Os dois maiores traumas enfrentados pelos seres humanos são o trauma da morte e do nascimento. Como já dissemos em outras partes desta obra, a morte e o nascimento são similares em muitos pontos, correspondem de forma precisa em várias de suas fases; em outras palavras, são análogos e se correspondem. Isso ocorre por que a morte parece caracterizar um rompimento final do nosso senso de identidade, ou do nosso eu. Nossa estrutura psicológica, toda assentada no ego, parece desmoronar; temos a sensação de uma destruição derradeira de nós mesmos. Por isso, o trauma da morte pode gravar feridas e impressões muito profundas na alma.
Diz Morris Netherton “A morte é o maior trauma sem solução. É a segunda maior experiência estressante em nossa vida, sendo o nascimento a primeira, como já mencionamos. A morte é o momento em que deixamos tudo por terminar. Se vem repentinamente, levamos a situação não resolvida para outra vida. Inconscientemente, tentamos resolver o problema da vida passada na vida presente. E morremos numa longa, demorada agonia, levamos conosco os sentimentos de amargura e ressentimento que quase sempre acompanham tais situações”. Netherton ainda afirma que a morte é tão traumática porque traz toda a carga de situações, não apenas de uma, mas de várias mortes em vidas passadas.
- O trauma deve ser procurado no tempo (no evento gerador nessa ou em outras vidas), no corpo (onde ocorreu o trauma. Exemplo: uma pancada na cabeça) e também na aura (para tanto, usa-se o método da exploração da aura). Tendam esclarece que “Tudo aconteceu lá, mas a revivência é aqui e agora”.
- Uma possível e mais óbvia causa de um medo é um trauma passado. Um trauma nos faz evitar um objeto específico. As fobias vêm, na maioria das vezes, de traumas.
- Um trauma pode ser reestimulado por situações similares e trazer a carga à tona. Qualquer semelhança pode fazer o inconsciente reagir automaticamente, sem que tenhamos qualquer controle disso. Diz Tendam “Os traumas ficam trancados numa camada da psique que reage mecanicamente. Qualquer coisa similar reestimula a coisa original. Qualquer elemento sensorial, emocional ou verbal de uma experiência pode, por meio de associação, reestimular as cargas da experiência traumática. Reestimulação é associação, mas com uma carga emocional; então, cada reestimulação pode aumentar a carga original”.
Exemplo1: meu pai me bateu na infância quando eu estava com um casaco verde. Ao ver um casaco verde, posso sentir-me acuado e com raiva, tal como me senti quando levei a surra.
Exemplo2: Quando vejo uma criança apanhando do pai, passo a ter a mesma sensação e emoção de quando eu mesmo sofri com as agressões. Essas duas reestimulações, quando não tratadas, podem aumentar a carga original e engrandecer minha necessidade de evitação e fuga.
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