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Archive for 10 de julho de 2014

A Lenda da Flor Azul

A serene scene from a mythological tale, set in a lush, green forest. In the foreground, a young boy named Archen, about seven years old, with innocent features, stands on a dirt road, surrounded by nature. He is looking curiously at a striking, dark blue serpent named Daimonia, coiled nearby, representing danger. In the background, a mother sits at a distance, watching the scene unfold. Above the boy, radiant sunlight filters through the trees, creating a magical atmosphere. In the same scene, there's a depiction of beautiful, light blue flowers blooming at the site where Archen was buried, symbolizing the transformation of tragedy into healing and hope.

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A LENDA DA FLOR AZUL (Provação e Missão humana)

Há uma lenda muito antiga, que vem de tempos imemoriais, e que se perdeu dos anais da história conhecida. É uma lenda muito bela, que conta a estória de um menino de sete anos de idade que se chamava “Archen”.

Havia uma serpente muito perigosa que passeava pela região onde Archen morava. Essa serpente se chamava “Daimonia”, muito conhecida por sua cor de um tom azul escuro. Muitas pessoas haviam sido picadas e mortas por essa cobra. Seu veneno era perigosíssimo, e dizem que era capaz de matar uma pessoa em apenas 3 minutos. Archen, no entanto, era um menino muito puro e abençoado pelos deuses. Por isso ele foi escolhido para uma missão que ajudaria todo o povo de sua região.

Certo dia, Archen estava brincando numa estrada de terra, num lugar de muita natureza. Sua mãe estava sentada a uns 50 metros do filho apreciando as belezas naturais. Archen andava pela estrada, olhando os pássaros, quando de repente Daimonia, a perigosa serpente apareceu ali. Archen não percebeu a presença da serpente, e assim que a viu, ela pulou rapidamente na perna do menino, picando-o, sem que ele pudesse esboçar qualquer reação. O menino sentiu a força da picada e a dor latejante. Começou então a chorar muito… A lenda conta que suas lágrimas caíram sobre o local da picada e depois derramaram no solo. Como o veneno agia rapidamente, em 3 minutos o menino já estava morto. Foi encontrado pela mãe somente uma hora depois.

A lenda pode parecer muito triste, mas ela tem um final feliz. Archen foi enterrado no mesmo lugar onde a serpente o havia picado. A estória termina dizendo que no exato local onde Archen foi enterrado, nasceu e desabrochou uma belíssima flor azul, várias delas. Ao contrário da pele da serpente, a coloração da flor não era de um azul escuro, mas de um azul muito claro e límpido. Dizem que essa flor continha o precioso antídoto que por muitos séculos protegeu o povo da letal picada da Serpente Daimonia. Assim, Archen teria cumprido a sua missão e conseguido salvar a vida de milhares e milhares de pessoas de várias gerações seguintes, pois seu sofrimento fez com que brotasse do solo uma sagrada flor que continha o antídoto para o mal que há muito assolava os habitantes daquela região.

Essa estória simples contém um significado muito profundo, que serve para a vida de qualquer pessoa. Ela revela o sentido do sofrimento e da missão que se segue a partir da cura, renovação ou purificação que o sofrimento nos traz, assim como o possível início de uma caminhada que semeará o mundo com algum benefício espiritual, caso a pessoa permita o renascimento. Essa lenda encontra correspondência em outras lendas, como a lenda da flor de lótus, que da lama faz nascer a flor com o branco mais puro da natureza, e também a lenda do curador ferido, que se fere e desse ferimento nasce a cura para o mal.

Vemos muito exemplos na vida humana de como um grande sofrimento, uma ferida interior, uma doença, ou qualquer outra adversidade ou provação pode se transformar num caminho, numa missão ou na realização de um trabalho do bem que se espalhe pelo mundo. Em Psicologia, esse processo se dá quando alguém consegue transformar o seu maior complexo num arquétipo, ou seja, num “modelo” que servirá de caminho para que outras pessoas sigam seus passos e tomem um rumo na vida. Vamos citar alguns exemplos:

Pessoas que sofreram graves doenças podem se transformar em médicos, enfermeiros e curadores, e iniciarem a missão de ajudar a curar outras pessoas. Pessoas que sofreram graves acidentes, tiveram grandes perdas, podem iniciar campanhas, ações ou projetos de lei que visem melhorar as condições que provocaram os acidentes, como os acidentes de trânsito. Pessoas que passaram por depressões gravíssimas ou outros transtornos psíquicos se tornam grandes terapeutas, psicólogos ou ajudadores. Pessoas que viveram a extrema pobreza criam ou se engajam em projetos sociais diversos. Pessoas que foram injustiçadas e passam a lutar por justiça. Pessoas que foram abandonadas na infância e lutam por iniciativas contra o abandono, por adoção ou projetos a favor das crianças. Pessoas que transformam um grande medo numa coragem inspiradora; uma grande angústia no consolo; um grande ódio num sublime  amor; uma grande desesperança numa inabalável fé ou esperança na vida, que vem iluminar os passos de outras pessoas.

Seria possível estender essa lista indefinidamente, citando muitos exemplos de como é possível transformar um sofrimento numa missão em favor do coletivo, ou como transformar um complexo, uma ferida interior, num arquétipo, ou modelo de conduta e modo de ser que pode curar ou ser o guia de dezenas, centenas ou milhares de pessoas. Numa analogia com as cores, Archen transformou o azul escuro da pele da serpente no azul claro da flor. Outros podem transformar o vermelho escuro no vermelho claro; o amarelo escuro no amarelo claro; o verde escuro no verde claro, dentre outros exemplos, e isso depende da “cor” da “serpente” que te “picou” e feriu. Muitas vezes, quanto maior o sofrimento, maior o poder de transformação quando a pessoa consegue se purificar através da provação, e consegue transformar a provação numa missão.

Você também pode transformar sua doença numa cura; seu sofrimento ou provação numa missão, seu complexo num arquétipo, modelo ou exemplo de vida. Basta fazer como Archen, morrer para seu eu inferior e deixar a flor azul nascer do solo do túmulo onde você enterrou o “velho homem”.

Transforme a serpente que te picou na flor que desabrocha, esparge seu perfume, e que será o antídoto ou a luz para outras pessoas.

(Hugo Lapa)

E-mail: portaldoespiritualismo@gmail.com

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