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Archive for the ‘Simbolismo’ Category

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A ALIANÇA ENTRE DEUS E A HUMANIDADE

O livro de Gênesis, em seu capítulo 9, certamente é um trecho muito especial das escrituras sagradas da tradição judaico-cristã. Esse é o tempo em que Deus firma a primeira e a mais importante aliança entre o divino e o humano. Vejamos o que diz o texto:

¹ E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra.

² E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues.

³ Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.

A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem. (…)

Em primeiro lugar, a manifestação divina ordena que Noé e família cresçam e se multipliquem sobre a Terra. Diz que os animais e as ervas do campo servirão para ajudar na manutenção da vida dos seres humanos. No entanto, Deus adverte que não se deve ingerir a carne de animais junto com seu sangue… e, também, que não se deve derramar o sangue de outras pessoas. Diz Deus que: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”. Nesse trecho é possível identificar uma certa noção de causalidade, algo semelhante a lei do karma dos hindus e budistas.

Não se deve derramar o sangue do homem, porque este é a imagem e semelhança de Deus e, por isso, quem derramar sangue humano, também verá seu próprio sangue derramado por outro homem. Será uma sinalização de uma certa formulação sobre o karma das tradições orientais? Essa ideia encontra eco também nas palavras de Jesus quando diz que: “Quem vive pela espada, perece pela espada”.

No entanto, a parte mais importante de (Gênesis 9) é o momento em que Deus fala da aliança entre Deus e a humanidade:

E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas.

¹³ O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra.

¹ E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens.

¹ Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.

¹ E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.

O arco íris é um dos mais importantes símbolos da ligação entre o céu e a Terra, entre o humano e o divino. É frequentemente retratado como o caminho que deve ser percorrido entre o mundo humano e o mundo supra-humano. Nesse sentido, ele expressa perfeitamente a ideia de uma aliança, uma ponte, uma ligação, uma passagem intermundos ou entre a dimensão temporal e a eternidade. Seu significado confunde-se com o simbolismo da escada, cuja expressão também remete a ascensão e queda dos seres. Nesse sentido, o simbolismo da escada encontra eco também na tradição judaico-cristã, com a famosa “escada de Jacó”, onde os anjos subiam e desciam pela escada indo do céu a terra e da terra ao céu.

Nos contos populares, o arco íris possui um pote de ouro em seu fim. Aquele que conseguir percorrer sua extensão e atingir o ponto final, encontrará um tesouro oculto composto de ouro maciço. Mas esse tesouro não é físico, material. Não representa riquezas no mundo. O pote de ouro representa a realização espiritual que o adepto conquista após o percurso ao longo de sete níveis. Desde o vermelho ao lilás, o arco íris simboliza a existência de níveis que devem ser trilhados, um a um, que podem conduzir os seres ao infinito e a eternidade. A benção da realização espiritual é a recompensa desse percurso. Esses níveis representados pelas sete cores são os estados de consciência, os estados de ser que vão do inferior, dentro do nível humano ordinário, ao nível mais elevado e divino, onde a pessoa pode encontrar uma felicidade suprema na eternidade. Os adeptos das tradições meditativas e contemplativas da humanidade tentam descrever esses estados de ser que estão mais próximos ou mais distantes do objetivo eterno. Esse objetivo é o que a tradição cristã denomina de “vida eterna” ou “Reino de Deus”. No Budismo se chama de nirvana ou nibana. No Yoga se chama de nirvikalpa samadhi.

Por outro lado, o arco íris também reflete a ideia de uma calmaria após a tempestade. Isso indica que o estado humano no qual todos estamos inseridos é como uma forte tormenta, que nos agita de um lado para o outro em múltiplas tribulações. O arco íris surge no céu como fenômeno natural sempre quando há uma união entre a tempestade e o sol surgindo entre as densas nuvens de chuva. Essa é a expressão da síntese perfeita das contrariedades e turbulências do mundo em um encontro com o sol do espírito, que brilha no céu durante a tempestade. O sol do espírito vem brilhar entre a tempestade, e sinaliza com o arco íris o caminho que precisa ser trilhado para a união entre o céu e a terra dentro de cada um de nós.

(Hugo Lapa)

E-mail: portaldoespiritualismo@gmail.com

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O QUE SIGNIFICA O BEZERRO DE OURO

Qual o significado do bezerro de ouro, tal como exposto na Bíblia no livro de Êxodo capítulo 32?

Já mencionamos no texto “A Bíblia não é o que você pensa” a respeito do profundo e eterno simbolismo que esse texto sagrado conserva. Os símbolos são meios eficientes de se transmitir um conhecimento sobre leis e princípios eternos da existência. Um desses símbolos é o do “bezerro de ouro”, que foi criado pelos hebreus enquanto Moisés subia o monte para receber as tábuas da lei diretamente de Deus.

Mas o que simboliza então o Bezerro de ouro? O Bezerro de ouro é a representação de todo tipo de ídolos que criamos e supervalorizamos no mundo e que acabam se tornando impeditivos do caminho que todos devem seguir até o plano da eternidade da alma. Tudo aquilo que atravanca nosso caminho e bloqueia nossa passagem na estrada para o Eterno. Todos os nossos ídolos do mundo são como um bezerro de ouro. Mas que ídolos são esses? Tudo aquilo que estimamos demasiadamente, que nos apegamos e nos prendemos, e que é passageiro e ilusório, como por exemplo, nossas posses materiais, dinheiro e poder. Muitos fazem do dinheiro o seu ídolo. E essa supervalorização do dinheiro, essa busca por dinheiro acaba nos desviando do caminho divino. Fazemos do dinheiro e do poder mundano nosso ídolo e nos perdemos do caminho do eterno. Outros fazem dos seus filhos os seus ídolos. O filho acaba sendo um verdadeiro “objeto de adoração”, e nesse sentido, passamos a adorar um ídolo ao invés de “subir a montanha” e seguir o caminho para a eternidade, tal como Moisés simbolizou em sua subida do monte. Há muitos outros ídolos que podemos criar no mundo, nossas crenças, nossa “honra” pode ser nosso ídolo, nossa religião, nossa casa, nossa família, nosso emprego, nossas paixões, como o futebol, o prazer pela comida pode ser também um ídolo na medida em que a supervalorizamos, dentre muitos outros. É preciso renunciar a supervalorização desses ídolos e não mais fazer deles a nossa vida caso desejemos nos libertar do sofrimento e seguir um caminho de paz e felicidade na busca da eternidade.

A Bíblia fala muito claramente em várias passagens da “proibição” de se criar “ídolos” no mundo. Em Levítico se diz: “Não vos virareis para os ídolos nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 19, 4). Em Êxodo se diz: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20, 3, 4). No Novo Testamento também lemos: “Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria” (1 Coríntios 10, 14). Há várias passagens que mostram ser a idolatria, ou seja, o culto aos ídolos deste mundo algo que deve ser extirpado de nossa vida. Somente ao eterno e ao infinito devemos prestar culto.

Vamos explicar essa questão do desvio do caminho do eterno com uma metáfora. Imagine um homem que está seguindo uma peregrinação rumo a um lugar santo e com isso ele aspira se ligar ao Eterno. Ele chega numa cidade que é parte do caminho. O viajante então começa a se encantar com a cidade, começa a se afeiçoar as ruas, a arquitetura do local, as belezas e as pessoas que lá moram. O viajante se fascina pelo lugar e começa a desejar permanecer ali mais tempo. Ele vai ficando ficando… e quando percebe, já está idoso, envelheceu e nunca conseguiu prosseguir em seu caminho rumo ao santuário. Ele percebe que se prendeu àquela cidade e por isso não seguiu sua jornada, mas ficou paralisado e preso as coisas daquela cidade. Esse homem criou ídolos nessa cidade, coisas que ele superestimou e supervalorizou. Por esse motivo, ficou preso no meio do caminho e não conseguiu chegar ao seu verdadeiro objetivo. Os espíritos acabam fazendo algo bem parecido. Vem ao mundo e esquecem que o mundo material é apenas uma passagem, um caminho para se chegar a um objetivo maior. Tudo nesse mundo é uma passagem, nada é definitivo. Eles então se fascinam com as coisas do mundo, criam diversos ídolos aqui e se perdem do verdadeiro caminho, que é o caminho rumo ao infinito e a eternidade. É preciso se libertar dos ídolos… é preciso se libertar do “bezerro de ouro” para continuar seguindo a jornada, ao invés de ficar parado no meio do caminho apegado a ídolos.

O que acontece na estória de Moisés? Quando o povo hebreu estava no deserto, Moisés decidiu subir ao monte para falar diretamente com Deus e lá receber os mandamentos. Moisés subiu e ficou vários dias no monte, tentando um contato com Deus. O povo começou a ficar inquieto, pois Moisés estava se demorando. Então decidiram reunir todos os pendentes de ouro e com eles criaram uma imagem, que seria o bezerro de ouro. Foi edificado um altar diante do ídolo e uma festa foi realizada para sua celebração. Então Moisés finalmente desceu do monte com as tábuas da lei em mãos. Vendo Moisés que o povo estava prestando culto, sacrifícios e festejando despido com um ídolo, e que as paixões e os instintos estavam exacerbados, quebrou as tábuas da lei e repreendeu o povo idólatra. Em um dos trechos estava escrito o seguinte:

“Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.” (Êxodo 32, 1)

“Não sabemos o que sucedeu a Moisés”. Aqui vemos claramente a atitude de muitas pessoas em dúvida sobre a realidade eterna e divina. As pessoas pensam: Não sabemos se realmente existe um Deus, não sabemos se vamos conseguir chegar a esse Deus. Não sabemos como é este dito “plano divino”. Não sabemos e não conseguimos ainda percebe-Lo diretamente. Como então nada sabemos a esse respeito, paira a dúvida sobre a sua existência e sua natureza. Por esse motivo, é melhor nos garantirmos aqui na Terra, buscando nas coisas materiais os “ídolos” que vão satisfazer nossos apetites mais primitivos e atrasados, relacionados aos desejos e aos prazeres. Por isso, criamos este ídolo como um bezerro de ouro, que simboliza todo o mundo material, seus desejos, posses, paixões, prazeres… e vamos ficar por aqui mesmo, vamos adorar esse “falso deus” que representam os instintos mais grosseiros, representam o egoísmo, o orgulho e a vaidade, um culto ao ego e não a Deus. Vamos adorar nossa imagem, nossa mente, nossos anseios mundanos, e não mais aguardar um Deus que pode nunca chegar e pode não ser real. Não é exatamente assim que a maioria das pessoas pensa? Muitos pensam: Deixa eu me garantir aqui no mundo, conquistando muitas coisas, criando ídolos materiais, pois se Deus não vier, ao menos eu tenho aqui os ídolos mundanos que criei. O ser humano cria dessa forma o seu bezerro de ouro, ao invés de “subir a montanha” e buscar a Deus, como fez Moisés.

E o que simboliza o “ouro” do qual é composto o bezerro? Em tempos antigos, o ouro era o representante mais precioso do mundo material. Homens e mulheres matavam e morriam pelo ouro. Era o metal mais valioso de todos, havia um fascínio enorme pelo ouro. Por isso, ele representa o valor que atribuímos ao mundo material, suas posses, seus apegos. Os “ídolos” criados no mundo material são nosso “ouro”, aquilo que enxergamos de mais precioso, muito mais precioso do que o caminho da subida a montanha para encontrar o Eterno.

Todos nós somos como Moisés, que devemos “subir a montanha”, ou seja, ascender em espírito para encontrar o plano divino. Mas há algo dentro de nós, simbolizado pelos hebreus, que criam um ídolo de ouro, um ídolo no mundo a que devemos adorar. Cada um de nós precisa vencer dentro de si esse impulso de criar ídolos no mundo para que se torne possível ascender a montanha do ser e conseguir um contato definitivo com o infinito e o eterno. É preciso eliminar os desejos de se criar ídolos, como Moisés fez com uma parte do povo hebreu, para que seja possível desbloquear o caminho de ídolos e seguir rumo ao santuário do nosso ser, onde o divino habita eternamente. Esse é o simbolismo do bezerro de ouro, que é um processo de elevação do ser que todos nós teremos de realizar.

Uma pergunta importante que muitos podem fazer é: Por que os símbolos são um veículo muito eficiente de transmissão de ensinamentos espirituais profundos? Um dos motivos é que os símbolos, como não são compreendidos de pronto pela mente concreta, são mais difíceis de serem adulterados pelos líderes das sombras. Esses líderes cuidam de apagar da história todo o conhecimento mais profundo, que permita aos seres humanos sair das correntes que o aprisionam. Como as trevas muitas vezes não compreendem o conhecimento velado pelos símbolos, não se preocupam em deturpar aquilo que não veem como perigoso para seus intentos. Infelizmente muitos conhecimentos profundos e extremamente valiosos para a elevação dos espíritos foram eliminados de vários textos sagrados pelos líderes das sombras, a fim de não servirem de base para o desprendimento das massas. Mas os símbolos, a despeito dessas investidas, preservam esse saber profundo e eterno, oculto aos olhos dos cegos da espiritualidade.

(Hugo Lapa)

Do livro: Luminosofia: perguntas e respostas

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Montanha do ser

 

ASCENSÃO DA MONTANHA DO SER

A ascensão espiritual é semelhante a um homem subindo uma montanha cheia de nuvens. Ele sobe um pouco e logo vê uma tênue névoa o envolver. Ele precisa continuar caminhando na névoa para poder sair dela. Ou seja, ele precisa aprender a caminhar sem os olhos físicos.

Isso representa a superação da confiança depositada nos sentidos físicos. Após passar a primeira nuvem, ele contempla tudo do alto da montanha e percebe coisas na terra que até então não havia percebido… sua visão vai se expandindo gradualmente conforme ele vai subindo.

Conforme ele vai ascendendo uma névoa mais densa vai o envolvendo, até atingir a última nuvem, que é a mais negra, a mais densa, a mais espessa. No entanto, ao atravessa-la, o homem poderá contemplar uma vista inigualável… verá tudo de cima, numa visão sem limites do céu infinito… lá ele poderá contemplar muitas partes da terra das quais nunca havia enxergado.

Ao chegar lá em cima ele percebe que o sol jamais deixou de irradiar sua luz para ele, mas que as nuvens é que o encobriam. As nuvens simbolizam as diversas camadas do nosso psiquismo, os variados estratos internos do homem, tais como as camadas de uma cebola, que vão se desvelando uma a uma, conforme vai se dando a ascensão ao cume da consciência do ser.

Cada nuvem ultrapassada representa um nível, esfera ou revestimento do nosso ser. Uma capa ou uma roupagem que usamos e que nos impede a percepção de nosso ser interior mais profundo. A nuvem do apego, a nuvem do medo, a nuvem da dúvida, a nuvem do egoísmo, etc.

Conforme a pessoa vai subindo, ela vai tendo uma expansão de sua visão, ela vai percebendo tudo de perspectivas de realidade cada vez maiores.

(Hugo Lapa)

Tratamento espiritual de vidas passadas à distância

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O tema da descida aos infernos, ou ao submundo, é encontrado em muitas tradições religiosas antigas. Desde o xamanismo milenar até os mistérios grego-romanos, assim como as iniciações nas escolas de mistério europeu, como também no cristianismo, essa imagem da descida aos infernos está bastante presente.

No Cristianismo há uma referência, no credo católico, que remonta os primeiros séculos do cristianismo primitivo, afirma que Jesus “desceu ao inferno”. Há alguns anos, a igreja modificou essa parte do credo trocando o “desceu aos infernos” para “desceu a mansão dos mortos”. Mas no original, a descida ao inferno, ou ao submundo, estava presente nesta oração.

Na mitologia grega, vemos os mitos de Ulisses, Orfeu e Enéias com o tema da descida ao submundo. No mito de Orfeu, vemos o personagem principal da trama, Orfeu, que desce ao “mundo dos mortos” para buscar Eurídice, que acabara de morrer mordida por uma serpente. Ao chegar nos domínios de Hades, o deus do submundo, Orfeu o convenceu, com sua lira, a levar Eurídice de volta a vida. Na realidade, este mito possui um significado iniciático, como todos os mitos que tratam dessa descida ao reino dos mortos, ao submundo ou inferno.

A descida ao submundo representa o contato direto com nossas imperfeições e impurezas, todo nosso karma passado, ou uma parte dele, é apresentado a nós, e se torna vivo em visões, aparições, sensações, etc, como se estivesse mesmo ocorrendo. Esse é um dos significados das iniciações nos mistérios. Cada vez que um ser desce ao submundo e enfrenta a provação, ele se despoja de um ou vários aspectos impuros de seu interior, purificando-se e ascendendo em consciência.

O mito sumério de Innana mostra isso de forma bem clara. Alguns pesquisadores acreditam que o mito sumério de Innana seja a origem do mito de Perséfone. Innana era uma grande rainha, bonita e resplandecente. Certo dia, ela decide voluntariamente realizar o que se chama de “descida mística”, e se encaminha para o “grande abaixo”, o abismo, o reino do submundo, que é governado por Ereshkigal, ser sobrenatural que pode ser comparado ao Hades da mitologia grega. Esta descida se faz em sete níveis, representados pelos sete portais que dão acesso aos sete níveis de iniciação que ela deve atravessar nos reinos inferiores.

Desse modo, em cada um dos portais iniciáticos, ela tem suas vestes retiradas. Essas vestes são, simbolicamente, as camadas de consciência inferiores que devem ser descartadas até se chegar ao núcleo essencial da consciência. Da mesma forma que se descasca uma cebola, em suas várias camadas, até se chegar ao ponto mais central, a consciência também deve ser despida em seus vários níveis de imperfeição, até se chegar ao âmago mais profundo do nosso ser interno. Assim, após serem retiradas todas as suas vestimentas, Innana aparece, sem qualquer roupa, diante de todos os sete juízes que são os guardiões do submundo inferior, para que possa ser julgada por eles em seus méritos. Após esse julgamento final, ela é assassinada por Ereshkigal, o Senhor do submundo, e perde o último resquício de sua vida antiga.

Essa morte durante a descida aos infernos é outro tema mitológico de grande significado, que aparece em vários símbolos de religiões e cultos antigos. Essa morte não é uma morte física, uma morte do corpo material, mas é a morte iniciática, a morte do nosso karma, a morte da roupagem personalística, das máscaras e das camadas inferiores; o velho homem precisa morrer para que o novo homem pode nascer ou renascer. Este mito encontra paralelo com a ideia cristã da morte, descida ao inferno e da “ressurreição” no terceiro dia, tal como ocorreu com Jesus. Jesus renascido após a morte na cruz é um tema iniciático presente na origem do cristianismo e aberto para todos aqueles que consigam desvendar seu significado latente.

No mito de Innana, ela retorna a vida sendo salva por Enki, o deus da sabedoria e das águas, que a traz de volta ao mundo dos vivos, ascendendo novamente pelos sete portais, ou sete níveis e recuperando novas vestimentas. Esse processo de descida ao submundo ou inferno é por vezes chamado de “descida mística”, e seu significado se encontra também em outros mitos, conforme já aludimos, no mito de Orfeu, Perséfone, Ulisses, Enéias e também Hércules. No décimo segundo trabalho, Hércules se viu obrigado a descer ao mundo subterrâneo e encontrar Cérbero, o cão que possuía três cabeças. No trajeto até a caverna escura que dava acesso ao submundo, Hércules foi acompanhado por Hermes e Atenas (mitologia grega) ou Mercúrio e Minerva (mitologia romana) e lá foi deixado a sua própria sorte. Sua missão era trazer Cérbero de volta ao mundo, sem para isso usar armas.

Da mesma forma que a descida de Innana ao reino inferior corresponde aos sete graus da iniciação, a descida de Hércules (Roma) ou Héracles (Grécia) era a culminação da décima segunda iniciação, representada pelo décimo segundo trabalho a cumprir. Hércules atravessou a provação de doze trabalhos, representando as doze provas iniciáticas dos mistérios, e após vencer Cérbero com os braços, pôde tirá-lo do submundo. Hércules, assim como Innana, representa a alma seguindo o percurso tortuoso de seu desenvolvimento até atingir o cume da realização espiritual, representado pela última iniciação, que geralmente é anunciada com o símbolo de uma ascensão celeste.

 

(HUGO LAPA)

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SIMBOLISMO DO FOGO

Considerado um dos símbolos mais importantes das tradições espirituais, religiões e do esoterismo. Elevado ao status de divindade por muitos povos, o fogo representa as transformações da natureza, sua criação e destruição. O poder consumidor do fogo fez deste elemento um símbolo de conotação negativa, como nas representações inconográficas cristãs do inferno, mas pela sua qualidade de transmutador, foi considerado sagrado pelos Alquimistas e por muitas outras culturas.

Dentro do seu aspecto destrutivo, o fogo representa a destruição, mas esse estado é passageiro, pois a destruição de algo sempre representa, para os místicos, a abertura de espaço para o novo poder brotar, para um nascimento em uma nova condição. Os alquimistas tem como princípio a expressão INRI, que significa Ignis Natura Renovantur Integra (“A natureza é renovada pelo fogo”).

O aspecto purificador e regenerador do fogo é comum a várias tradições. Na Roma antiga, os sacerdotes tinham por missão manter uma chama sempre acesa, e no caso desta chama ser apagada, isso representa um mau augúrio, um sinal de maldição, de degradação moral e do encerramento de um ciclo. Vemos a concepção do fogo como representando a passagem do tempo e do início e do fim de uma fase. No Xintoísmo, a renovação da tocha acesa sempre coincide com a passagem do final do ano.

O fogo também traz, obviamente, o sentido de uma transformação íntima, de um desenvolvimento espiritual, transmutando a consciência de estado em estado até se atingir a iluminação. Aqui entra o símbolo da forquilha do Alquimista, que transmuta o metal pesado das imperfeições humanas no ouro sagrado da realização espiritual. O fogo interior brilha cada vez mais forte e num nível mais sutil conforme a ascensão do discípulo e sua progressiva espiritualização.

Os yogues já encontram o simbolismo mais próximo de sua realidade interior, quando associam o fogo com o chakra muladhara, onde o elemento fogo está presente, sendo o veículo da energia vital que alimenta todo ser em seus vários níveis. Buda também transfere o rito externo do fogo na primazia da consciência dominando os instintos. Diz Buda “Atiço em mim uma chama. Meu coração é a lareira, e a chama é o eu domado” (Sumyuttanikaya 1, 169). Aqui encontramos paralelo na kundalini yoga, no chamado “fogo serpentino” e também no “fogo interior” do Tantrismo. Os taoístas realizam um ritual da passagem por sobre o fogo, a fim de representar a purificação e a libertação do seu corpo das paixões grosseiras e dos desejos inferiores.

No Velho Testamento, o fogo é apresentado como sendo a própria essência original de toda a vida. Javé se apresentou a Moisés como uma sarça ardente. Quando Moisés perguntou quem era ele, Javé respondeu “Eu Sou o que Sou”, associando o fogo como a essência primeira, o ser que é o ser, sem acréscimos, sem adjetivos, apenas o ser que é.

Autor: Hugo Lapa

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Simbolismo da Água

 

A água é uma substância formada pela combinação de duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio. A água é, portanto, formada por dois gases. Ela pode se apresentar no estado sólido, líquido e gasoso. O estado líquido, porém, é o mais abundante no mundo. A água é tão essencial a vida que, caso a água desaparecesse do planeta Terra, nenhum ser vivo poderia manter-se existindo.

A água era considerada um dos quatro elementos fundamentais no mundo antigo, dos quais tudo o que existe teria procedência. A importância da água pode ser verificada nas ideias do filósofo Tales de Mileto, que dizia que “tudo é água” e “tudo começa na água”. Tales inaugurou a tendência filosófica que buscavam entender a chamada physis, um conceito que significa natureza, mas que depois foi traduzida como “física”, por ser o conhecimento que buscava explicar a origem das coisas do mundo.

O simbolismo da água é bem vasto, assim como o simbolismo de todos os outros elementos. Na antiguidade, ela estava associada ao começo do mundo. Em Gênesis, “o espírito de Deus pairava por sobre as águas” (GN 1:2). Ela era considerada as águas primordiais, de onde tudo surgiu. Ela também foi associada ao caos primordial, o meio líquido que originou todas as coisas. Esse simbolismo das águas primordiais, ou do “oceano das origens” é praticamente universal, sendo encontrado em dezenas de culturas arcaicas.

O aspecto gerador da água encontra correspondência no útero materno, quando um novo ser está em gestação. Nesse sentido, encontramos o líquido amniótico, que é o meio líquido que abriga o surgimento de uma nova vida, um novo nascimento.

Na mitologia egípcia, o monte primordial surgiu das águas primordiais. Na tradição indiana, a água é o veículo do chamado “ovo do mundo”, o meio que gerou todo o mundo. De acordo com este significado, a água representa o meio através do qual todas as coisas surgiram. Ela foi, dessa forma, uma matéria prima para a criação do mundo, ou pelo menos um dos meios pelos quais o mundo pôde ser gerado. Nesse sentido, a água se apresenta como a fonte de onde tudo proveio, o embrião original.

De acordo com Chevalier & Gheerbrant, a água é o símbolo da infinitude dos possíveis, ou seja, ela é o potencial que guarda, em estado latente, todas as possibilidades. Os textos hindus clássicos afirmam que “tudo era água” no início, indicando a água como a matéria-prima original. Aqui a água simboliza um inesgotável reservatório de energia primeva de onde tudo brotou. A ciência moderna considera que a vida na Terra começou primeiro na água, com o desenvolvimento dos primeiros seres aquáticos que posteriormente foram deixando os mares e iniciando sua existência na terra e no ar. Assim, o simbolismo da água com o significado do germe da vida encontra eco nas pesquisas científicas.

A água primordial, no entanto, não é a água física, mas um elemento sutil sem início nem fim. Os textos hindus deixam claro que, para que exista esse potencial formativo, é preciso não haver limites. Por isso, diz-se no Taoísmo que “as vastas águas não tinham margens”. Ainda dentro desse sentido gerador, a água representa a fertilidade, a fecundidade, a boa colheita, o crescimento da semeadura.

Diferentemente da terra e do ar, o fogo e a água são considerados agentes de transformação do mundo. Nesse sentido, a água possui uma estreita relação com o simbolismo da lua, que muda constante e periodicamente. Diz-se que as marés obedecem as fases da lua. No Tarot, a carta da lua aparece com uma poça de água no solo, indicando a associação que há entre ambas. A água é maleável, pode se adaptar a qualquer meio sólido, tomando a forma do lugar em que se encontre. Por isso se diz que ela seja um agente se transformação e adaptação ao novo.

Mesmo sendo a água fraca, maleável, fluida, ela pode, com o passar do tempo, até mesmo desgastar a rocha mais rígida, que não sabe ceder e permanece fixa e imóvel em seu lugar. Lao Tsé expressa divinamente o significado da água dentro de sua capacidade adaptativa e como isso pode servir de lição ao ser humano:

“A virtude verdadeira é como a água
Em silêncio se adapta, ao nível inferior
Que os homens desprezam
Ocupa os lugares mais baixos que os homens detestam.
Acomoda-se onde ninguém quer permanecer.
Serve a todos e a tudo, não exige nada.”

Mas o simbolismo da água encontra mais um significado que é praticamente universal: a água como um meio de regeneração. Essa representação é bem conhecida na passagem bíblica que cita o batismo de Jesus no rio Jordão por João Batista. Não por acaso esse evento é reconhecido como o início do caminho messiânico de Jesus. João Batista acatou o apelo de Jesus para que o batizasse nas águas, mesmo acreditando que não era digno de batizar Jesus. Após a imersão na água, os evangelhos contam que uma pomba branca sobrevoou os céus, representando assim a liberdade do espírito conquistada após o ato. Nesse momento, Jesus teria sido regenerado em corpo, emoções e mente, e aberto as portas de sua consciência para sua missão. Aqui está bem caracterizado o simbolismo da água como meio de regeneração, ela cura, purifica e faz renascer.

Como diz Chevalier: “A imersão [na água] é regeneradora, opera um renascimento, por ser ela, ao mesmo tempo, morte e vida. A água apaga a história, pois restabelece o ser num novo estado. A imersão é comparável à deposição do Cristo no Santo Sepulcro: ele ressucita, depois dessa descida nas entranhas da terra. A água é símbolo da regeneração: a água batismal conduz explicitamente a um novo nascimento”. Aqui vemos a representação da água viva, da fonte da juventude.

A água também se expressa no seu ciclo universal. Ela vive nas entranhas da terra, brota para rios e lagoas e desemboca no mar. A água se liquefaz e se torna vapor. Sobe aos céus, se condensa em nuvens. As nuvens se agrupam e formam a nuvem de chuva, que se precipitam sobre o solo jorrando a água de volta à terra novamente em estado líquido. E posteriormente isso se repete infinitamente. Na descrição do ciclo da água vemos uma representação bastante clara do próprio ciclo da alma. A alma estava no mundo celeste, ao que se precipita e desce à Terra, para animar a matéria sólida. Ao término de sua missão, retoma o estado “gasoso” quando abandona o corpo e se assume novamente como espírito em ascensão aos céus. Vemos uma boa figuração da doutrina da reencarnação da alma expressa pelo ciclo das águas.

 

(HUGO LAPA)

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Simbolismo da Luz

 

SIMBOLISMO DA LUZ

A Luz possui um significado simbólico bastante claro. Até mesmo quando dizemos que ele é “claro”, estamos usando o símbolo da luz/claridade para explica-la. Isso por que a luz é o símbolo da divindade por excelência, e o símbolo de tudo o que é superior, claro, nítido, verdadeiro por si mesmo. A luz ilumina e clareia, ela nos ajuda a perceber melhor as coisas como elas são. A luz é a base do ver, do reconhecer, do enxergar. A luz se relaciona com a consciência e a visão de tudo, assim como ao conhecimento e a sabedoria, mas não é apenas isso. Onde tudo está escuro, a luz se impõe e traz um caráter revelador, do oculto para o revelado.

O mais importante é que a luz representa a natureza de tudo o que é elevado e divino em todas as suas manifestações, como o sol, a lua, o relâmpago, o fogo etc. O nome de alguns deuses são derivados da raiz dei, que significa “brilhar”, como Dyaus Pitar, Zeus e Júpiter. Os anjos são representados com uma auréola brilhante no topo da cabeça. No oriente, mais precisamente  na Índia, a palavra devas (os deuses) tem o sentido de “ser brilhante”. Ainda na Índia, os redentores e reformadores da humanidade são chamados de “iluminados”. O Buda Amitabha é o Buda dos céus, cujo significado é “Luz Infinita”.

Ainda no Budismo, agora no Tibetano, monges realizam treinamento espiritual durante anos, décadas ou uma vida inteira para, após a morte, se integrarem a “Clara Luz” do Bardo (espaço entre uma vida e outra). Segundo a tradição Budista Tibetana, a Clara Luz pode purificar alguém que se fundiu com ela e transmutar todo o seu karma. Nesse sentido, os mais recentes estudos sobre as Experiências de Quase-Morte confirmam a existência dessa Luz branca, de natureza infinita (segundo relatos) que se apresenta àqueles que desencarnaram recentemente. No Cristianismo temos Jesus que, segundo os evangelhos, proferiu a famosa frase “Eu sou a Luz do mundo” (Jo 8, 12).

Desde a antiguidade a luz foi associada ao simbolismo da criação e do divino.  “Fiat Lux” ou “Faça-se a Luz e a Luz foi feita” (Gn 1, 3) é um dos mais conhecidos trechos da Bíblia e expressa bem o papel e a importância da luz no ato primordial da Criação. Luz é a primeira vibração, ela vem dar ordem ao caos primordial. Sendo o primeiro ato divino criador, a luz toma, sem dúvida, um valor soberano diante de todas as outras coisas do Universo criado. É possível que essa passagem do Genesis indique que a partir da luz todas as coisas são provenientes. Por outro lado, antes de todas as coisas existirem, a luz já era. Mas a luz só pode ser concebida tendo-se como referência a escuridão. Num dia de sol, é impossível observar as estrelas no céu a olho nu, mas conforme o crepúsculo vai seguindo seu curso, a luz das estrelas vai se tornando mais e mais visível. Isso prova que a luz individual só pode existir a partir da escuridão pode existir a partir da escuridão. Apesar da escuridão ser condição ser condição sine qua non para a existência da luz, diz-se que a luz, em essência, independe da escuridão.

Enquanto a luz é o símbolo do bem, do verdadeiro e da consciência, a escuridão é o símbolo do mal, do pecado, da inconsciência. Diz-se que o céu é claro, e o inferno sombrio. Muitos esoteristas fazem uma analogia entre o bem e o mal correlacionando-os com a luz e as trevas. Tudo que é o bom é iluminado e claro; tudo que é mau é escuro e nebuloso. Mas a metáfora não para por aí. Há ainda um ensinamento mais importante sobre a luz e a sombra e a natureza verdadeira do bem. O bem é representado pela luz, e as trevas são representadas pela ausência da luz. Nesse sentido, só o bem possui uma realidade inerente, possui uma essência; as trevas, a escuridão, não possui qualquer realidade intrínseca, mas a escuridão é a ausência da luz, ou seja, é apenas a falta ou a carência do bem. As trevas, assim como o mal, não existe em si mesmo, ele é tão somente a ausência do bem. Tudo que é mal é um distanciamento do bem e não tem realidade per si.

A maior fonte de luz é o sol. Jesus era visto como o sol, o simbolismo do sol invictus. Outros deuses ou mestres da humanidade eram associados ao sol. O próprio Gautama Buda era chamado de “Sol Buddha”. Isso por que o sol tem luz própria, ele não depende de qualquer fonte externa para gerar sua luz, calor e energia. Da mesma forma que o sol, se diz que Jesus e outros espíritos superiores, espíritos puros e perfeitos, não precisam de qualquer luz externa, pois eles são capazes de gerar sua própria luminosidade. Afirmam os esoteristas que os seres luminosos despertaram para a verdade da luz divina presente em cada aspecto do cosmos e por isso possuem uma luz interna. A luz desses seres perfeitos ou próximos da perfeição é a mesma luz cósmica do início da criação divina, que deu origem a todos os mundos. Assim como a luz física tem a capacidade de nos fazer enxergar as coisas materiais, a luz espiritual emanada por esses seres tem a propriedade de nos fazer enxergar os ensinamentos espirituais e a enxergar a nós mesmos. Quando comungamos com os espíritos de luz, eles nos ajudam a ver e entender certos aspectos fundamentais da vida que antes eramos incapazes de perceber. Eles iluminam nossa consciência. Somos como uma vela que tem o potencial de queimar a chama. Os mestres não devem ficar todo o tempo irradiando sua luz e energia para nós, mas sim nos ajudar a despertar a chama sagrada que existe dentro de cada um. Assim, diz-se que os mestres são como uma vela que acende uma outra vela (que somos nós).

O sol, apesar de ser um exemplo perfeito da expressão da luz no mundo físico, não é o único símbolo relacionado à luz. O sol está associado ao simbolismo do fogo e do olho. Vamos explicar esse ponto para que não pairem dúvidas. O sol é circular; o olho também é. O sol produz a luminosidade que nos permite enxergar; o olho é o órgão de nossa visão que também nos permite o sentido da visão. Os esoteristas afirmam que o olho (espiritual) que irradia luz, ao invés daquele que capta a luz, pode ver e perceber qualquer coisa, pois independente da luz localizada, ele ilumina cada aspecto do cosmos e assim pode entrever nuances que, a depender da luz externa, seria impossível perceber. O ser humano possui um olho espiritual, no centro de sua testa, que possui essa função. É o chakra coronário, que tem uma contraparte física: a glândula pineal. Quando este centro psíquico estiver plenamente desperto, ele agirá tal como um sol, terá luz própria e irradiará em todas as direções, emanando luz onde não há luz. É assim que se tornam possíveis fenômenos como os da clarividência, visão espiritual, desdobramento, produção de vários fenômenos paranormais etc.

Na mitologia, vemos esse esquema bem representado no mito de Apolo, o deus sol. Dizem que Apolo “tudo sabe e tudo vê”, numa clara referência a visão espiritual. Além dele, um dos mais conhecidos símbolos do Esoterismo é o chamado “Olho que Tudo Vê”, símbolo adotado por várias escolas iniciáticas e confrarias esotéricas. O Olho que Tudo Vê é representado como um sol que irradia seus raios luminosos e abre espaço para a visão de qualquer coisa existente, não apenas no sentido físico, mas também no sentido espiritual. Não é atoa que no Egito antigo os dois olhos eram relacionados ao sol e a lua, os dois astros que emitem luz à Terra: o sol era associado ao olho direito e a lua ao olho esquerdo.

O fogo possui uma relação também muito estreita, porém ele é considerado uma manifestação do poder infinito da luz dentro de uma escala menor. No sol existe numa grandeza macrocósmica; no fogo existe numa grandeza microcósmica. O fogo ainda é dependente do exterior, o vento pode alimenta-lo ou apaga-lo, a água pode apaga-lo, a terra também o alimenta, vários elementos podem influencia-lo;  o sol é invulnerável, não depende de nada externo e brilha irradiando a uma distância incomensuravelmente maior.

No Esoterismo, uma das mais importantes imagens do despertar espiritual, senão a mais importante, é a do ser saindo das trevas e indo em direção à Luz. Segundo os esoteristas, essa é a meta suprema a que toda alma deve aspirar. Em Platão vemos claramente essa metáfora no famoso Mito da Caverna, onde os habitantes da caverna, que antes estava aprisionados e se relacionavam com o mundo através das sombras da realidade(ausência da luz) devem sair da caverna (da escuridão) e encaminhar-se em direção à Luz que existe fora da caverna. Nas iniciações das escolas de mistério do Egito antigo, os candidatos davam os primeiros passos da iniciação em caminhos escuros e subterrâneos. Conforme ultrapassavam as provas iniciátivas, podiam subir a fases onde existia mais luz. O caminho da escuridão para a Luz é a representação o caminho espiritual por excelência.

O simbolismo da luz também está presente nos nascimentos de heróis, deuses e mestres da humanidade. Na China existem histórias de que heróis e fundadores de dinastias nasceram após a irradiação de uma luz divina no aposento de suas mães. O nascimento da linhagem de Gengis Khan teria origem nesse nascimento divino através da luz, tal como afirma uma princesa antiga sem marido. Ela conta que um ser de luz a visitou algumas vezes a noite e uma luminosidade penetrava em seu ventre. O nascimento divino está presente em várias tradições antigas sob várias formas e a luz frequentemente se torna co-partícipe nesse processo.

Apesar de a luz ser o símbolo da divindade, não se pode fixar nossa olhar e mente nela durante muito tempo, sob pena de sermos acometidos por algumas consequências indesejáveis. Quando não se está preparado, a luz pode causar alguns prejuízos àqueles que dela se aproximam. Essa aproximação deve ser feita com todo cuidado, pois a luz pode ofuscar as trevas. Por esse motivo é justificada a morte de Jesus na cruz: a “Luz do mundo”, um ser espiritual luminoso, que veio trazer ensinamentos sublimes que revelava a verdade ofendeu as trevas interiores dos individuos de sua época, que o levaram a tortura e à morte com a crucificação. Mas da mesma forma que não se pode destruir a luz devido a sua natureza sutil e imperecível, não se pode matar um Filho da Luz, mas apenas destruir seu corpo material e perecível.

Nas tradições espirituais é dito que os buscadores que se jogam com exagero na busca por Deus acabam ficando cegos com a quantidade de luz que recebem. Tudo deveria ser feito com prudência e de forma natural, sem forçar. Observe o sol por alguns minutos e o resultado inevitável será uma escuridão em nossa vista. Cada pessoa tem um grau de relacionamento com a luz dentro de seu nível e esse deve ser aumentado de forma gradual. Isso fica patente nas religiões dogmáticas, que congelam os princípios espirituais à vista de seus adeptos, da mesma forma que o olho fica com a imagem marcada pelo excesso de luz solar.

O simbolismo da Luz poderia se ampliado nessa explanação ad eternum, dado sua profundidade.  É importante ainda mencionar que a natureza do divino, que é luz, é a mesma natureza do ser humano, que em ultima instância, também é luz. No entanto, é uma luz inconsciente de si mesma. O objetivo da vida humana e cósmica é tomar consciência da luz primordial que habita eternamente em nosso interior.

 

(Hugo Lapa)

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